Friday, April 21, 2006

 

Neurotransmissores e ....a paixão

Pretendo aqui desmontar parcialmente a fisiologia da paixão, nomeadamente o papel importantissimo dos neurotransmissores.

Os neurotransmissores cumprem um papel fundamental e indispensável na activação do impulso sexual, por exemplo quando os beijos e as carícias provocam lubrificação vaginal e erecção peniana.
Existem vários neurotransmissores importantes na paixão, desejo e amor, entre eles estão: a feniletilamina, dopamina, endorfina, e ocitocina
Os cientistas já estudam feniletilamina (um neurotransmissor, estimulante e antidepressivo) há cerca de um seculo, mas só actualmente começaram a associá-la à paixão, a feniletilamina é molécula natural semelhante à anfetamina e suspeita-se que sua produção no cérebro possa ser originada por acontecimentos tão simples como uma troca de olhares ou um aperto de mãos. A relação da feniletilamina com a paixão e teve início com uma teoria proposta pelos médicos Donald F. Klein e Michael Lebowitz, do Instituto Psiquiátrico Estadual de Nova Iorque. Estes investigadores sugeriram que o cérebro de uma pessoa apaixonada continha quantidades de feniletilamina, fora do padrão normal e que esta substância poderia ser originada, em sua maioria, pelas sensações e alterações fisiológicas que experimentamos quando estamos apaixonados.
Existem muitos alimentos que contêm grandes quantidades de feniletilamina, já que a quantidade desta substância está relacionada directamente com a paixão e desejo sexual, estes alimentos podem ser considerados afrodisíacos, podemos encontrar vários, como por exemplo o chocolate, no entanto é necessário comer muita quantidade de chocolate para observar claramente os seus efeitos.
A dopamina é um outro neurotransmissor, sintetizada no hipotálamo e segregada nas sinapses dos neurónios, onde combina os seus receptores nos neurónios adjacentes, ela promove a sensação de prazer e de motivação a, sua activação pode causar entre outros efeitos é a responsável por estarmos inquietos e desassossegados, perda de apetite, euforia, insónia e o pensamento obsessivo de quem ama, também o desejo sexual é incentivado por esta substância, a quantidade desta substância no cérebro está relacionada com a intensidade da paixão, quanto mais intensa é a paixão, mais alto será o nível desta no cérebro. A dopamina também está relacionada de alguma forma com a endorfina, isto é, a morfina natural responsável pelo prazer, seja ele sexual ou uma emoção amorosa, desta forma quando qualquer pessoa tem um orgasmo, o nível de endorfina aumenta drasticamente no cérebro, esta também é responsável a sensação de estar vivendo um sonho, da “saudade” da pessoa amada, mesmo quando esta está presente, no entanto o cérebro não conseque produzir a endorfina correspondente à paixão e ao desejo durante muito tempo. Os estudos da Dr. Cindy Hazan, da Universidade de Cornell em Nova York, depois de ter entrevistado 5000 pessoas de 37 culturas diferentes, ela afirma que os seres humanos encontram-se programados biologicamente para se sentirem apaixonados durante 18 a 30 meses, por outras palavras a paixão tem “tempo de vida”.
A ocitocina um neurotransmissor, produzido no hipotálamo e armazenado na neuro-hipófise, ela é absorvida pela glândula pituitária posterior, para que possa ser lançada na corrente sanguínea, em circunstâncias especificas. Até recentemente pensava-se que a ocitocina fosse uma hormona feminina, cuja função seria apenas estimular as contracções do útero durante o acto do parto e responsável também por as contracções dos seios durante a lactação, actualmente é vista como uma hormona envolvida, nos mais diversos aspectos da vida sexual, tanto no sexo feminino como no sexo masculino. Quando uma pessoa é tocada por uma pessoa sexualmente excitante, de imediato sobem os níveis de ocitosina, ocorre uma “fome epidérmica”, isto é necessidade de carinho, durante um orgasmo verifica-se um nível muito alto de ocitocina, tendo mas mulheres em geral, níveis mais altos que os homens, no caso das mulheres com orgasmos múltiplos o pico mais alto verifica-se no segundo orgasmo. Ao nível funcional no homem a libertação de ocitosina induz a contracção dos vasos da próstata, enquanto nas mulheres induz as contracções uterinas, ajudando assim o transporte dos espermatozóides para o óvulo. Estudos experimentais verificam que ela é a principal responsável, quanto ao âmbito da paixão/amor, por a preferência sexual, na formação de vinculo, na diminuição de agressividade e no aumento de comportamento de protecção, da doação e da entrega, responsável pela monogamia, promovendo assim a fidelidade.
A Dr. Cindy Hazan afirma especificando que as substâncias responsáveis pelo amor são a dopamina, feniletilamina e ocitocina, todas estas substâncias são comuns ao organismo do ser humano, no entanto apenas nas fases iniciais da paixão são encontrados juntos, contudo com o tempo o organismo alvo destas substâncias, vai ficando tolerante, resistente aos efeitos destas, como acontece em geral com qualquer tipo de droga e por consequência desta resistência, toda a “loucura” inicial vai-se desvanecendo gradualmente com o passar do tempo, por isso a fase ardente da atracção inicial não dura para sempre. Após toda a loucura ter-se desvanecido o casal encontra-se numa dicotomia: ou se separa ou se habitua a manifestações mais brandas de amor, compartindo companheirismo, afecto, tolerância e permanecem juntos. Segundo a Dr. Cindy Hazan os homens são mais susceptíveis a estas substâncias, apaixonando-se mais facilmente e rapidamente que as mulheres.
Nas pesquisas da Dra. Helen Fisher, antropologista da Universidade Rutgers, podemos relacionar as manifestações de amor em causa e as substâncias que as originam. Podemos verificar que o desejo ardente te ter relações sexuais, deve-se a altos níveis de testosterona, sendo esta hormona predominante nos homens, pode-se explicar porque os homens têm mais desejo sexual que as mulheres, já a fase de atracção (amor na fase inicial, euforia, envolvimento emocional e romance), deve-se a altos níveis principalmente de dopamina, esta responsável pela exaltação, euforia, insónias e falta de apetite e por sua vez a baixos níveis de serotonina (tendo em conta que a acção da serotonina é de diminuir os factores libertadores de gonadotrofinas pela hipófise, sendo estas inibidoras das hormonas sexuais, por consequência quanto mais serotonina menos hormonas sexuais), por ultimo a fase final de ligação emocional, onde a atracção e toda a loucura é trocada por uma relação segura e duradoura, esta fase é promovida principalmente por a ocitocina (esta associada ao aumento de desejo sexual, orgasmo e bem estar em geral).

Comments:
Nossaaaaaaa adoreiiiiiii essa matériaa. Muito interessante! Estou fazendo um trabalho sobre o tal assunto. Que coisa interessante é o nosso cérebro, em si, SNC, o conjunto de todo envolvimento. Muito bom mesmo...
 
Muito interessante mesmo. Essas substâncias acabam, às vezes, suprimindo a razão. Fazendo que a pessoa acabe fazendo loucuras por paixão. Escrevo isso por experiência própria onde não me reconheço em algumas situação. Esses hormônios estão me deixando desestabilizado.

 
Daqui a pouco vão querer transferir toda a responsabilidade dos comportamentos desviantes e promíscuos aos neurotransmissores.Paciência!
 
Post a Comment



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?

Web Site Counter
University of Phoenix